A diretoria do Sindicato dos Docentes da UEPG (SINDUEPG), representada pela presidente Marilisa do Rocio Oliveira, pela vice-presidente Regina Stori e pelo primeiro-secretário Paulo Dias Mello, esteve em reunião com o reitor da instituição, professor Miguel Sanches Neto, na manhã desta quarta-feira, 12. Além da apresentação dos novos membros da diretoria a reunião teve como pauta a agenda de lutas e reivindicações da categoria docente. Foram abordadas a tramitação da Lei Geral das Universidades (LGU); o não cumprimento da data-base, que não provê reajuste conforme a inflação desde o início de 2016; o congelamento das ascensões e promoções;.
A presidente do SINDUEPG iniciou a conversa destacando os impactos da pandemia na luta docente. “Temos vivido uma pressão, enquanto professores e enquanto Universidade. O Sindicato é o principal defensor das causas”, diz. “Na nova direção, temos o slogan de Diálogo, Unidade e Resistência. Não podemos nos entregar facilmente. Diante de todas as demandas, nos colocamos à disposição enquanto instrumento de luta e de voz. Nós não vamos deixar de lutar, de maneira ordeira, mas não vamos fugir”, garante.
LEI GERAL DAS UNIVERSIDADES
A Lei Geral das Universidades, desde que veio a público em junho de 2019, já foi rechaçada por representações sindicais e Conselhos Universitários. Mesmo assim, voltou a ser discutida em 2020, apesar de não ter sido divulgada a nova versão. O SINDUEPG também cobrou esclarecimentos sobre o tema: “A reitoria já se manifestou sobre a Lei Geral das Universidades (LGU) e estamos batalhando juntos contra essa Lei. Consideramos que é necessária uma reforma, mas não é possível sem ouvir as partes interessadas. Queremos saber como é a nova versão. Não tivemos um retorno da Superintendência, pedimos que possamos ter acesso”, diz a presidente do Sindicato. “Temos grandes preocupações com o cálculo das vagas para professores. Em 2018, quando começaram as discussões sobre a LGU, fizemos grupos de trabalho e os colegas fizeram vários cálculos e averiguaram que na UEPG teríamos perdas, assim como outras Universidades irmãs. Hoje sabemos o quanto a Universidade demanda de vagas de efetivos”, destaca a vice-presidente, Regina Stori.
Sobre a LGU, o reitor garantiu que a Associação Paranaense de Ensino Superior Público (Apiesp) tem pensado de forma propositiva, como sistema, porque reconhece que algumas instituições podem ser prejudicadas enquanto outras podem ser favorecidas. Para ele, o objetivo seria “estancar perdas e ampliar autonomias”, no sentido de assegurar autonomia , de cátedra, de gestão financeira e de recursos humanos. Sanches Neto também garantiu que não tem acesso à versão final e que os reitores vão trabalhar junto aos deputados para emendas necessárias, para garantir a aprovação “como queremos”.
PERDAS SALARIAIS E CONGELAMENTO DE CARREIRA
Outra pauta da reunião foi as ascensões e progressões, que estão congeladas pelo governo estadual desde o ano passado. “Também pedimos apoio, queremos estar juntos na luta sobre as ascensões e progressões. Muitos dos nossos colegas que conseguiram a sua titulação, trabalharam para isso, investiram tempo e recursos, e ainda estão sem poder ter a ascensão e promoção”, ressalta a presidente do SINDUEPG. “Pedimos que seja uma pauta em que os reitores estão juntos, fazendo esse trabalho, porque valorizaria nossa profissão dentro da instituição”, acrescenta. Sobre o reajuste salarial da data-base, que já soma cerca de 20%, a vice-presidente do SINDUEPG relatou que há professores que passam por problemas financeiros devido à falta de compromisso do Estado do Paraná em cumprir com o pagamento das perdas acumuladas. “Temos visto o quanto a inflação tem tomado dos nossos salários. Converso com professores que estão passando por inúmeras dificuldades, tudo isso em vista desse momento histórico que não é exclusivo de hoje, mas vem se arrastando e sendo agravado pela falta de reposição da inflação”, conta. “Não estamos falando de aumento, mas sim de um direito constitucional”, defende.
Segundo o reitor, a questão é um problema para a UEPG e garante que os representantes da Instituição têm trabalhado para resolver. Ele acrescentou que muitas Universidades não estão concedendo o regime Tide, programa de dedicação exclusiva. Porém, garante que a UEPG está implantando a titulação para que os professores possam reivindicar a remuneração posteriormente.
CONDIÇÕES DE TRABALHO DOCENTE
“Temos grandes preocupações com as condições de trabalho dos colegas, técnicos e dos alunos. Certamente, a comunidade externa deixa de observar que, nesse período de 15 meses em que estamos em afastamento social, os professores tiveram que investir em computadores, câmeras e estruturas para poder dar aula. É mais desgastante estar na sala de aula remota, tudo é muito mais trabalhoso do que quando estamos presencialmente”, defende a vice-presidente do SINDUEPG, Regina Stori. “Recebemos muitas críticas de não estar trabalhando, quando, muitas vezes, estamos fazendo todo o possível para que eles tenham a formação de qualidade referenciada que desejamos. Obviamente é um momento de perda para todos, não temos dúvida”, garante.
“Temos nos preocupado no sentido de realizarmos um profundo e amplo levantamento da pandemia na Universidade. Tivemos sucessivas mensagens de luto relacionadas à Covid-19 e nos preocupamos em fazer esse balanço para ter um gesto solidário com as pessoas que passaram pela doença, que perderam familiares ou tiveram sequelas. É um aspecto fundamental que acreditamos que vá criar laços e tecer uma rede solidária”, conta Paulo Mello, primeiro-secretário do SINDUEPG. “Sabemos que isso vai ter também um impacto enorme na vida acadêmica. O ajuste do calendário, por exemplo, vai levar anos para acontecer; alunos deixaram de realizar seus cursos, que agora vão acontecer de forma mais intensa. O impacto na vida acadêmica vai precisar ser reavaliado, a contratação de professores será necessária”, enumera. “Queremos ajudar a entender os efeitos que a pandemia causou dentro da nossa comunidade, além de comunicar à população sobre a nossa atuação. Não paramos um minuto, intensificamos o trabalho, inclusive”, finaliza.
Sobre o trabalho remoto, o reitor destacou que a Universidade “colocou à disposição equipamentos e salas com segurança nos dois campi”, mas que “não pode fazer frente a restituir os investimentos feitos, pois essa é uma limitação do serviço público”.
Ao entender de Sanches Neto, os desgastes psicológicos são a maior preocupação neste momento sobre o trabalho remoto, o que gerou um plano de acompanhamento de saúde mental para professores e servidores. Ele também diz que defende a vacina para todos para voltar a um calendário presencial pleno: “sem pressa, seguro e planejado”