Depois de mais de três anos de lutas, tentativas de diálogo, paralisações e greves, em busca de direitos, nesta sexta-feira, 30 de outubro, os docentes do Paraná finalmente recebem a última parcela da recomposição salarial. Esta é uma das mais importantes vitórias dos docentes desde a conquista da data-base, em 2008. Todo esse período foi bastante desgastante, e exigiu muita força dos docentes, que inúmeras vezes tiveram que se deslocar até Curitiba para pressionar o governo a fim de garantir que os salários dos professores fossem equiparados com o dos agentes universitários.
Em março de 2012, os sindicatos docentes aceitaram o pagamento da reposição salarial no valor de 31,73% em quatro parcelas iguais de 7,14%, a serem pagas no mês de outubro dos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015.
Como foi a luta
Os professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) entraram em greve no dia 17 de outubro de 2012, com o objetivo de pressionar os deputados da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) a aprovarem em regime de urgência o anteprojeto de lei que estabeleceria o reajuste salarial de 31,73% para a categoria. No dia 23 de outubro, os professores da UEPG, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE) decidiram, em assembleia, suspender a greve e retomar as atividades acadêmicas.
A suspensão da paralisação ocorreu porque a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou o reajuste e o governador Beto Richa sancionou o projeto de lei que concedia 31,73% de reajuste salarial.
Nos anos de 2013 e 2014, a equiparação veio, mas com ela também vieram os cortes de gastos. O decreto estadual do governo do Paraná (de 8 de julho de 2013) determinou corte de R$ 200 milhões das verbas de custeio na gestão do estado. Serviço de telefonia, energia elétrica, água, combustível, viagens, material de consumo, vigilância, limpeza e manutenção dos mais diversos setores, seja do próprio quadro ou realizado por terceiros.
Na UEPG, as implicações resultaram em impactos diretos nas horas extras de funcionários, o Restaurante Universitário (RU) reduziu a oferta de jantar, reduziu o quadro de servidores efetivos (cerca de 850), a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, por sua vez, foi mais longe: cortou parcialmente o PROAP UEPG, que subsidia cursos de mestrado e doutorado da instituição, entre outras medidas.
Em 2014, além do corte de verbas de custeio nas IEEs, houve implicações nas atividades desenvolvidas nas escolas públicas do estado como reflexo da administração combalida do governo Richa. A APP Sindicato realizou paralisação no dia 26 de novembro de 2014, como resposta a ação antidemocrática governamental em relação à escolha dos diretores das escolas públicas, além de reforçar a luta pelo cumprimento de ações pendentes, como a falta da implantação e pagamentos de avanços na carreira à categoria.
Nesse ano de 2015, devido aos projetos do governo do estado que retiravam direitos da categoria, os docentes não tiveram outra saída senão entrar em greve. Uma greve histórica, que mostrou ao mundo a força dos servidores públicos do Estado do Paraná e a covardia do atual governo.
Depois de tudo isso, nesse 30 de outubro, seis meses após o massacre contra os servidores estaduais em frente à Alep, a última parcela da recomposição salarial foi paga, e tem gosto de luta de trabalhadores e trabalhadoras que jamais abrirão mão de seus direitos.