A quinta-feira deste 11 de maio, foi de um dia de paralisação para os docentes da UEPG. A decisão foi deliberada em assembleia (09 de maio) para manifestar posição contrária à inclusão da UEPG no Sistema Meta-4, conforme decreto do governo do estado; e também contra a decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de que o Tempo Integral de Dedicação Exclusiva (TIDE) seja entendido como “gratificação” e não como regime de trabalho.

Apesar de todos os esforços, no final do dia, o reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, anunciou em Londrina que já havia enviado todos os dossiês da UEPG para o governo. A diretoria do Sinduepg deve se reunir na próxima semana para definir as próximas ações.

Agenda de paralisações

Pela manhã aconteceu um Ato Público na Praça Santos Andrade, onde os docentes fizeram falas em defesa da autonomia universitária, hoje ameaçada pelas decisões do governo Beto Richa. A estimativa é que 80% dos docentes pararam as atividades no dia de ontem.

À tarde, o grupo acompanhou, no Auditório do Observatório Astronômico (Campus Uvaranas), a transmissão ao vivo da Reunião Unificada dos Conselhos Universitários (COU’s), das sete universidades estaduais, que aconteceu em Londrina.

As atividades se encerraram à noite com o Painel Temático: Universidades Estaduais e Desenvolvimento Regional, com a painelista pesquisadora e professora Dra. Augusta Pelinski Raiher, do Departamento de Economia da UEPG. Na abertura do evento, os alunos do curso de Licenciatura em Música realizaram uma intervenção artística.

Em suas pesquisas, a professora Augusta destaca o papel das instituições de ensino superior para o desenvolvimento articulado entre os municípios. Ela apresentou dados e mapas que ilustram o impacto multiplicador dos investimentos nas IEES do Paraná, verificando-se uma expressiva repercussão socioeconômica nas regiões sob influência destas instituições, seja na geração de empregos e distribuição de renda, como também na formação qualificada de profissionais.      Para a pesquisadora, eventos como o painel realizado pelo Sinduepg, contribuem para a divulgação de pesquisas, chamando a sociedade e mostrando a importância das universidades para o desenvolvimento e a formação da sociedade paranaense. “Sabemos que as universidades podem ir muito além. Se já conseguimos identificar impactos importantes, imagina se conectarmos ainda mais as IEES à sociedade. Precisamos unir forças e trabalhar em conjunto cada vez mais. Ao fazer isso, impactamos ainda mais o desenvolvimento, e fortalecemos, concomitantemente, as próprias universidades, colocando a sociedade em sua defesa”, conclui a pesquisadora.

Reunião histórica em Londrina

A reunião inédita que aconteceu à tarde em Londrina (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=EEHrXYzbu3A) entre os sete Conselhos Universitários (COU’s) das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do Paraná, entrou para a história do movimento de luta pela educação pública, gratuita e de qualidade no estado do Paraná. A proposta dessa reunião foi encaminhada para a Apiesp pelo Comitê Estadual em Defesa do Ensino Superior Público do Paraná, na reunião realizada no dia 04 de maio em Curitiba.

A reunião presidida pela reitora da UEL, Berenice Quinzani Jordão e copresidida pelos demais reitores das IEES , transcorreu em um auditório lotado, por mais de cinco horas. Após suas manifestações, seguiram-se as de conselheiros, representantes dos sindicatos e do movimento estudantil.

Durante as falas, os representantes destacaram que há muito tempo as IEES sofrem com o descaso dos governos que, seja pelo pouco orçamento ou por decretos que ferem a autonomia universitária, não reconhecem o papel das instituições para o desenvolvimento do estado. Pontualmente, sobre o Meta-4, as manifestações foram no sentido contrário à inclusão das universidades que hoje não o integram, reforçando o que foi acordado anteriormente com governo e não cumprido, sobre a retirada da Unespar e Uenp do sistema.

Quanto ao TIDE, a posição unânime de todos os que se manifestaram é que prevaleça o entendimento, com robusto amparo legal, de que se trata de “regime de trabalho”. Caso impere a perspectiva do TCE e do governo de entendê-lo como “gratificação” ocorrerá uma redução salarial drástica para a categoria, em média de 40%, com impacto tanto para os aposentados como para os que estão na ativa.

A reunião resultou na Carta de Londrina, um documento redigido ao final do encontro com os encaminhamentos dados pelos COU’s. Essa reunião não tem caráter jurídico, portanto suas decisões não são deliberativas, entretanto, representa por sua força um movimento político expressivo no cenário atual, de resistência ao governo Beto Richa e aos ataques que sistematicamente vêm sendo realizados contra os professores do ensino público no Paraná.

Na avaliação da presidenta do Sinduepg, Rosângela Petuba, “a reunião em Londrina foi histórica e demonstra que as Universidades Estaduais do Paraná estão dispostas a responder à altura dos ataques sofridos. Entretanto, é preciso reforçar  nosso repúdio à decisão da reitoria da UEPG em enviar os documentos para alimentação do sistema META 4 mesmo contra vontade de boa parte da comunidade universitária, principalmente dos docentes que deliberaram em assembleia contra esse envio.”

Reitor da UEPG ignora pedido da categoria e envia dados para o Governo

O envio dos dados para o governo estava organizado na forma de dossiês, num total de treze. Até o início da reunião em Londrina, a informação era de que as cinco instituições (UEL, UEM, UEPG, UNIOESTE e UNICENTRO) ainda não tinham enviado os dois últimos dossiês, mais complexos e com dados qualificados sobre as folhas de pagamento das universidades, definitivos para a inclusão ou não no sistema.

No seu pronunciamento inicial em Londrina, o reitor afirmou: “ Tanto eu quanto a professora Gisele, temos a responsabilidade e compromisso de que o que for tratado aqui e for combinado, nós levaremos à nossa comunidade universitária em instâncias já deliberativas, ao nosso conselho universitário, para decisão final”.

Para a surpresa dos docentes, no final da reunião, os reitores da UEPG e UNICENTRO afirmaram que já enviaram os dados. Segundo a direção do Sinduepg, é muito séria essa decisão. “Nós vamos nos reunir na próxima semana para avaliar essa decisão da reitoria pelo envio dos dados. Vamos convocar a nossa base para fazer essa discussão e, juntos, definir quais serão as próximas ações diante do quadro que se desenhou”, avalia Gilson Burigo, vice-presidente do Sinduepg.