Nesta sexta-feira, 13, na Câmara Municipal de Ponta Grossa, aconteceu a audiência pública sobre o caos no atendimento do Instituto Nacional de Serviço Social (INSS). Para os docentes da UEPG, esta atividade já deu início à mobilização para o 18M, na próxima quarta-feira. Sindicatos e movimentos sociais planejam paralisação em adesão a ato nacional em defesa da educação, dos serviços públicos, direitos dos servidores e democracia. Uma das pautas de reivindicação é uma resposta ao governo às filas de espera no atendimento do INSS, à militarização do serviço e sobrecarga de trabalho dos servidores do setor. Segundo o INSS informou ao Tribunal de Contas da União (TCU), o tempo de espera para obter benefícios como aposentadoria por tempo de contribuição, por idade e por invalidez, auxílio-doença, pensão por morte e salário-maternidade em 2019 foi o maior em 5 anos. Legalmente, o prazo seria de 45 dias.

“Não importa se somos da Saúde, da Educação, Serviço Social, se a gente trabalha na cidade ou no campo. Precisamos estar juntos, travar essa luta, que é uma luta da classe trabalhadora”, defende a vice-presidente do Sindicato dos Docentes da UEPG (SINDUEPG/ANDES), Carina Alves da Silva Darcoleto. “No INSS temos 20% de trabalhadores adoecidos. Estes, muito provavelmente são parte dos que estão com atestado, fora aqueles que já estão adoecendo, às vezes psicologicamente, e vão aguentar mais um tempo, mas amanhã também podem estar na fila dos atestados”, comenta Carina sobre a situação do INSS na cidade, que reflete o contexto nacional. “Tudo isso se trata de um projeto do capital: Reforma Trabalhista, Lei da Terceirização, Reforma da Previdência e, agora, as Reformas Administrativas no âmbito Federal e no Estadual, que vêm com tudo para tentar retirar a nossa possibilidade de carreira, para que a gente seja trabalhador que só cumpra metas”, afirma.

“Nós professores precisamos de concurso, mas não apenas isso. Nós precisamos de condições de trabalho dignas, trabalhar sem ameaça, fazendo e cumprindo a nossa função sem ser criminalizados. Os professores e professoras, hoje, qualquer palavra que em alguns lugares falam, são ameaçados, entendidos como fazendo algo que não é relacionado com a sua atividade de trabalho. Ou seja, nós vamos ensinar mas não podemos falar determinadas coisas, como se fossemos fazer algum mal à sociedade”, comenta Carina sobre a situação de trabalho dos professores. “Precisamos de concurso, condições de trabalho e dignidade”, finaliza.

“Precisamos pontuar alguns dos ataques que a gente vem sofrendo nos últimos anos”, acrescenta Carina, que foi representante do SINDUEPG, entidade convidada para falar sobre a situação da educação no país. “Escolas no campo sendo fechadas, não estão mais podendo ter a sua particularidade atendida. Escolas da educação básica deixando de oferecer refeição para nossas crianças e nossos jovens, sendo que a merenda escolar é um direito, exemplifica.

“O fechamento de escolas no ensino médio noturno. Qual o significado disso? O jovem da classe trabalhadora tem mais dificuldade para concluir o ensino médio. A reforma do ensino médio, também compromete a formação dos jovens trabalhadores”, comenta sobre os problemas que os jovens estudantes enfrentam.  “Movimentos como o Escola Sem Partido, que tentam interferir naquilo que a gente ensina dentro das escolas, dentro das salas de aula, mais uma vez, criminalizando e tentando tornar os professores e professoras inimigos dos estudantes”, destaca. “A parte boa é que os nossos estudantes refletem sobre essas questões e estão conosco e entendem a importância da educação em suas vidas e o quanto estar na escola é importante para eles”, finaliza.

“Nossa situação é muito séria. Pensando em nossas lutas e tentando buscar unificação, chamamos aqui para a paralisação do dia 18 de março, em defesa da educação, dos serviços públicos e da democracia. Nós estamos organizando a paralisação com atividades durante o dia todo, mas fazemos o convite especial para o ato das 18 horas, na Praça Santos Andrade, em frente à UEPG Central. Se somem a esse ato, chamem os conhecidos e conhecidas. Esse é o ato inicial de várias outras lutas e atos que teremos no ano de 2020”, convida.

Participaram da audiência as entidades: Sindicato dos Docentes da UEPG (SINDUEPG); Núcleo Regional de Serviço Social; Frente Ampla Democrática (FAD); Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde Trabalho, Previdência Social e Ação Social do Paraná (Sindprevs); APP-Sindicato; Diocese de Ponta Grossa; representantes da Justiça Federal; Movimento Sem Terra (MST); Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenaspes); Cáritas; Associação dos Comerciários; e representantes da Auditoria Cidadã da Dívida. Estavam presentes o deputado federal Aliel Machado (PSB) e o deputado estadual Professor Lemos (PT). O evento teve apoio da Câmara Municipal.