Na noite desta terça-feira (03) aconteceu o painel “Desmonte das Universidades Públicas do Paraná: retrato dos últimos 7 anos e 93 dias”. O evento foi organizado pela Seção Sindical dos Docentes da UEPG (Sinduepg), Sindicato dos Técnicos e Professores da UEPG (Sintespo) e Diretório Central dos Estudantes (DCE – Gestão Desatando Nós), em parceria com os programas de pós-graduação em Educação, Estudos da Linguagem, Geografia, História e Jornalismo. A atividade marcou o Dia Estadual de Mobilização contra os ataques do governo Beto Richa (PSDB) às Instituições Estaduais de Ensino Superior do Paraná, em uma agenda conjunta de diversas entidades sindicais e estudantis de todo o estado.

A mesa de painelistas foi composta pelo representante da Frente Parlamentar em Defesa das IEES/PR, o deputado Péricles de Holleben Mello, a presidente do Sinduepg, professora Dra. Rosangela Maria Petuba, o presidente do Sintespo, Emerson José Barbosa e o representante da Setorial de Ensino Pesquisa e Extensão do DCE, Carlos Picanço (estudante do 4º ano do curso de Direito).

Após as palavras dos representantes dos programas de pós-graduação houve uma intervenção relembrando o Massacre do dia 29 de abril de 2015 – quando servidores, professores e estudantes foram atacados durante manifestação no Centro Cívico, em Curitiba, ocasião em que o governo reprimiu o ato com forte aparato policial, com bombas de efeito moral e balas de borracha. O massacre resultou em mais de 200 pessoas feridas.

Segundo o professor Dr. Gilson Burigo o dia 29 de abril é emblemático desse governo: “da mesma forma truculenta que fomos massacrados moral e fisicamente na Praça Nossa Senhora de Salete, no dia 29 de abril, continuamos durante esses últimos três anos sofrendo na pele o ataque sistemático à carreira docente, aos nossos salários, aos direitos trabalhistas, com o sucateamento das universidades e o rombo nas contas públicas. Não foi diferente com o patrimônio dos fundos de aposentadoria dos servidores estaduais que, segundo estimativas, foram reduzidos em aproximadamente R$ 3,8 bilhões”, avaliou Gilson.

Na sequência, durante as falas cada um dos painelistas destacou dados que revelam as várias frentes dos ataques promovidos pelo governo Beto Richa (PSDB). Em síntese, o desmonte se revela em defasagem salarial, total desrespeito a leis e acordos pós-greves, não cumprimento de leis que definem o número de servidores e professores para a UEPG, corte nas verbas de custeio, descaso com as condições de permanência estudantil (casa do estudante e restaurante universitário, falta de segurança no campus, entre outras situações).

A presidenta do Sinduepg apontou que todo esse cenário de desmonte é, na verdade, um ataque a toda a população paranaense. “A UEPG, assim como as demais universidades públicas do estado, são patrimônio fundamental para o crescimento e desenvolvimento econômico do Paraná. Estamos entre as mais renomadas instituições de ensino superior, com destaque internacional para os nossos estudantes e professores que desenvolvem pesquisa. E a extensão garante muitas vezes serviços públicos que as demais instâncias do estado não dão conta”, conclui Rosangela Petuba.

O deputado Péricles destacou a importância do tripé ensino / pesquisa / extensão, papel fundamental da Universidade que foi duramente atacado durante o governo Richa. “O governo Richa atacou o Tide (Tempo Integral de Dedicação Exclusiva dos professores), pois é com a pesquisa e extensão que a universidade dialoga com a comunidade e revela o seu verdadeiro caráter. O serviço público, principalmente no setor da educação, é o centro da resistência a um sistema injusto e excludente.Solapando o Tide, o governo derruba a pesquisa e a extensão e o vínculo da universidade com a população”.

Já o presidente do Sintespo, Emerson Barbosa, salientou as ações do governo contra os sindicatos. “Para além das questões salariais relativas ao serviço público, o governo Richa persegue os sindicatos impondo custos e retirando direitos de suas lideranças. Com isso pretende retirar a força dos trabalhadores e dividir a categoria”.

O estudante Carlos Picanço Wambier (DCE) avaliou que eventos como o painel são importantes para informar a comunidade, universitária e externa, dos violentos ataques e do sucateamento que as universidades viveram durante o governo Richa como no exemplo da questão do META 4. “Nossa missão, com isso, também é unificar e não parar de lutar pela defesa do Ensino público gratuito e de qualidade cada vez mais inclusivo!”, concluiu Carlos.