Nesta segunda-feira, 18, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) promove por meio da sua instância maior, o Conselho Universitário (CoU), a quarta discussão sobre o que chamam de “ensino remoto” ou “atividades remotas”. Exaustivamente, a administração da Universidade quer convencer a respeito de metodologias remotas para substituir o ensino presencial durante a pandemia da Covid-19. Aparentemente a discussão só vai ter fim quando a expansão da EaD no ensino presencial da UEPG for aprovada, vencendo os conselheiros pelo cansaço – afinal, já são claros os prejuízos.

O SINDUEPG não foi convidado a participar das reuniões do CoU, inclusive teve o pedido formal de participação negado pela reitoria por duas vezes. Mesmo assim, não nos furtamos de externar nosso posicionamento e indignação com a proposta que resultará na ampliação da desigualdade social na Universidade. Só tivemos espaço indireto nas reuniões porque os representantes docentes no CoU se dispuseram a fazer a leitura de nossos materiais, mesmo ao custo do seu próprio tempo de fala, para defender aquilo que nos é claro.

Como debatido e comprovado pelos representantes discentes nas reuniões anteriores, que já duraram horas a fio e parecem ignorar os dados, um número relevante de estudantes não tem acesso à internet ou computador, ambientes de estudo apropriados, além de muitos considerarem não dispor de saúde mental nesse momento para realizar plenamente as atividades.

O questionário utilizado pelos representantes discentes, inclusive, foi usado também pela própria Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, o que endossa por parte da instituição a qualidade dos dados, que não podem ser desconsiderados. Na comissão instaurada com representantes dos setores de conhecimento da Universidade, Pró-Reitores, estudantes da graduação e pós-graduação, o debate resultou em propostas que diferem. Apesar das manifestações extremamente qualificadas dos alunos em defesa da proposta que elaboraram, é notório que suas vozes não estão sendo ouvidas.

A administração da Universidade não está considerando os estudantes da maneira que devem ser considerados: a razão de ser de todo ensino universitário e, no limite, da existência da instituição. Inclusive, na notícia divulgada pela assessoria da UEPG sobre a reunião do último dia 15 à imprensa, os alunos sequer tiveram suas falas mencionadas.

Segundo relato do reitor, o ensino remoto é um sucesso na Unespar, como exemplificou na última reunião. Mas a realidade é bem diferente e bem menos inclusiva. Lá, professores adoecem pelo trabalho precarizado gerado por esse modelo de ensino e estudantes clamam pelo cancelamento das atividades remotas, já que sentem na pele o quanto são excludentes e exaustivas no atual contexto.

Antidemocrática também passou a ser a própria veiculação das reuniões. Anteriormente, a transmissão ocorria pelo Facebook, uma rede social bastante popular entre os estudantes e professores, com o chat autorizado, possibilitando que o fórum de debate fosse aberto a todos. Na última reunião, a qual deve continuar na tarde de hoje, todos foram pegos de surpresa por uma transmissão pelo YouTube, sem a possibilidade de chat para os espectadores. A representação discente até levou o questionamento à presidência da reunião, mas não foi ouvida.

O SINDUEPG reitera seu posicionamento contrário ao uso da EaD e/ou ensino remoto, em defesa das/os estudantes e das condições de trabalho dos docentes. A substituição de boa parcela do ensino presencial pela educação a distância representa uma precarização do ensino tanto para os alunos como para os trabalhadores da educação, bem como é excludente e não observa as necessidades particulares de tantos alunos, que persistem bravamente na defesa da qualidade de suas formações.

Para além disso, reforçamos que é essencial considerar a legislação vigente que prevê que todo curso de graduação e pós-graduação deve incluir no seu Projeto Pedagógico do Curso a modalidade de ensino. Desta maneira, a inclusão do ensino remoto apenas seria possível mediante alteração deste Projeto e sua efetiva introdução somente poderia ocorrer no ano letivo posterior à alteração. Os alunos que entraram na Universidade com a garantia de ter aulas presenciais, devem ter este direito assegurado.

Pedimos aos senhores conselheiros para que considerem a total inviabilidade do ensino remoto na UEPG, salvo atividades não obrigatórias e outras possibilidades que já externamos na carta anterior. Escutem nossos estudantes, que há praticamente dois meses já apontam que o ensino remoto só vai prejudicar sua formação, que confiam ser de excelência em nossa instituição.

A vida de muitos vale mais que o lucro de poucos!

Diretoria SINDUEPG – Luta Docente

Ponta Grossa, 18 de maio de 2020.