O Dia do Professor, em 15 de outubro, deveria ser uma data marcada por comemorações. Entretanto, na atual conjuntura, ao lado de celebrações para valorizar e relembrar a importância da função docente para nossa sociedade, é necessário elencar e reconhecer as dificuldades e ataques que professoras e professores experimentam cada dia mais. A atividade docente hoje é marcada pela altíssima sobrecarga de trabalho, poucas condições adequadas para a execução das tarefas, exigência de produtivismo acadêmico, excesso de horas em atividades da função e outros fatores que precarizam as condições de trabalho.
“Relembrar o Dia do Professor é necessário para, além das devidas comemorações ao mérito da profissão, reforçar que a categoria se fortalece com a unidade e solidariedade e precisa do reconhecimento de seus direitos”, assinala o presidente do Sindicato dos Docentes da UEPG (SINDUEPG), Marcelo Ubiali Ferracioli. Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) são mais de 900 professores que atuam na formação superior.
A profissão docente, exercida tanto na Educação Básica quanto na Educação Superior, tem sofrido prejuízos determinados pelos Governos Estadual e Federal. A Reforma da Previdência pretende impossibilitar a aposentadoria dos trabalhadores, especialmente do professor. No Paraná, os deputados aprovaram em 8 de outubro Projeto de Lei que ataca as licenças especiais. A Lei Geral das Universidades (LGU), que foi encaminhada – à revelia da decisão da maioria dos Conselhos Universitários das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) – à Casa Civil, na semana passada, tem como objetivo a privatização e mercantilização das Instituições de Ensino Superior, destruindo a autonomia universitária e precarizando o trabalho docente. Algo muito parecido acontece a nível federal com o programa “Future-se”. Movimentos como o “Escola Sem Partido” também buscam tirar do professor o direito de autonomia na profissão.
“Em 2019, lutamos arduamente contra as imposições do governo de precarização do Ensino, contra a LGU e contra a Reforma da Previdência. Participamos de datas que simbolizaram tudo o que defendemos, como 15 de maio, 30 de maio e 14 de junho, que reuniram milhares de pessoas por todo o país em defesa da Educação Pública. Fizemos parte disso e levamos nossa luta às ruas. Organizamos atos, painéis, seminários, inúmeros momentos de debate para aumentarmos nossa força e representatividade na luta”, comenta Ferracioli. “Neste ano passamos por uma greve que durou 48 dias. Com isso, conquistamos a retirada do Projeto de Lei Complementar 04/2019 da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que pretendia congelar nossas carreiras”, destaca.
“Ser professor é uma missão que cumprimos com alegria, porém, é essencial que aproveitemos a data comemorativa para dar destaque à importância da profissão à sociedade, além de retomar forças para lutar por melhores condições de trabalho, que são direito para todos os trabalhadores”, comenta Jefferson Mainardes, professor do Departamento de Educação, que atua na UEPG desde 1990.
“Lutamos diariamente para que nossa categoria seja reconhecida e respeitada, não apenas em datas comemorativas, mas pela importância de que nos mantenhamos firmes na profissão de ensinar”, finaliza Ferracioli.