Representantes do Comando Estadual de Greve das universidades estaduais do Paraná realizaram atos durante a 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. A ação contou com a fixação de faixas, cartazes e panfletagem.
Na noite de domingo (23) e durante a segunda-feira (24), foram realizadas intervenções cobrando celeridade na aprovação dos planos de carreira docente e valorização dos professores e também destacando os impactos, para a Ciência, da falta de recursos para as universidades públicas. O material distribuído sinalizava que não há avanço na ciência sem a valorização de professores, professoras e pesquisadores e pesquisadoras.
“Há mais de 7 anos sem a reposição integral das perdas inflacionárias, os docentes das universidades estaduais do Paraná sofrem com intensa desvalorização salarial. Recentemente, o governo do estado aprovou reposição de apenas 5.79%, da qual descontou uma dívida do Estado de 2015, no valor de 3.39%. Isso significa que os docentes paranaenses receberão uma reposição de apenas 2.4%. Portanto, seguimos com uma perda salarial de aproximadamente 37%”, apontava o documento.
“Contraditoriamente ao discurso meritocrático do governo, negligencia-se o fato de que mais de 70% do corpo docente das universidades têm doutorado – portanto, elevadíssima titulação acadêmica –, condição não exigida na grande maioria das demais profissões. De modo preocupante, também há expressivo número de docentes doutores em contratos temporários, com elevada carga horária de ensino e que estão impedidos de desenvolver pesquisa e extensão, não tendo mais acesso ao Tempo Integral e Dedicação Exclusiva – TIDE”, denunciava o panfleto entregue aos e às participantes da 75ª Reunião Anual da SBPC.
Polyanna Morgana Rocha, 2ª tesoureira da Regional Sul do ANDES-SN e docente da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), participou de uma mesa na SPBC. Durante sua intervenção, a diretora do Sindicato Nacional informou sobre a greve dos e das docentes das Estaduais do Paraná, atualmente suspensa, e leu o comunicado do Comando Estadual de Greve.
Segundo a docente, as intervenções foram importantes, pois muitas pessoas presentes no evento desconheciam a realidade das universidades estaduais paranaenses. “Eu falei da precarização em relação à pesquisa e em relação à própria estrutura universitária, a partir da condição das estaduais”, ressaltou.
Polyanna comentou também sobre a ausência de concursos públicos e o impacto para a pesquisa científica, citando como exemplo uma situação ocorrida na Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp).
“A Uenp lançou um edital de temporário para pós-graduação, que é um problema enorme porque os professores temporários não conseguem fazer pesquisa, e a pós-graduação é exatamente um espaço onde a pesquisa é o eixo central. Comentei sobre algumas dessas contradições, que vêm desse desinvestimento público no ensino”, contou.