Nesta semana, assim que os servidores públicos iniciaram paralisações das atividades contra os projetos que ameaçam direitos dos trabalhadores, o governo do estado apelou para ataques e veiculação de notas, agredindo mais de 250 mil servidores de todo quadro funcional. Com inserções frequentes em torno de 60 segundos em redes de rádio e TV, além de inserções em jornais impressos e digitais, o governo tenta mascarar a realidade do estado. Por que apenas agora os tais problemas apareceram? E, se existem, por que os governistas (incluindo parlamentares que votam em qualquer coisa que ataca os trabalhadores) não reconhecem que as apropriações do dinheiro público é que afetam a gestão financeira e a não garantia dos direitos dos servidores públicos?
Depois de se reeleger (em 05/10/2014, com cerca de 55% dos votos válidos), o governador Carlos Alberto Richa (PSDB) mudou logo o discurso. A garantia de que o primeiro mandato foi de austeridade logo foi substituída pela alegação de que a crise nacional levava o governo a reduzir despesas. O problema é que, na versão pós-eleitoral, o governo Richa continuou esbanjando dinheiro para interesses moralmente questionáveis: aumentou o próprio salário, contratou carros para governadoria a preços acima da média, sequer questionou o aumento salarial que os deputados concederam ao próprio bolso e, claro, jamais lembrou que o primeiro aumento aos cargos comissionados que ele nomeou chegou a 128% (ainda no primeiro mandato).
Em mais de três décadas, é a primeira vez que o governo dá um calote em milhares de trabalhadores e não paga as férias (terço salarial, constitucionalmente reconhecido), mas garante o soldo e subsídio de seus namorados. Tem algo de estranho (ou podre?) no discurso governista da atual gestão! Enquanto isso, o Paraná foi o estado que, entre janeiro de 2011 e abril de 2014, registrou a maior taxa de crescimento da Receita Corrente Líquida, com cerca de 55% de aumento, bem acima da média nacional no mesmo período (em torno de 39%)!
Mas o governo Richa, quando se trata de compromisso constitucional, parece ter outra prática, tanto que no ano de 2012 o próprio parecer do Tribunal de Contas do Paraná questionou o não cumprimento de investimento em 12% na saúde. Ao mesmo tempo, o que mais aumentou no período foram os itens que tratam dos gastos da equipe governista, como despesas correntes. O mesmo governo que, agora, quer que os servidores paguem pelo descontrole administrativo jamais questionou o pagamento de mais de 4 mil reais mensais aos membros do poder judiciário estadual apenas a título de auxílio moradia.
Para que o dinheiro de todos os paranaenses seja bem aplicado é preciso austeridade. Mas é preciso olhar no espelho, cortar as benesses e favorecimentos privados que sangram os cofres públicos. E isso tem nome, mas pode ser compreendido como algo que ainda não marca a atual gestão do estado: moralidade.
Nenhum professor ou servidor público aumentou o próprio salário e tampouco empregou esposa, irmão e amigos com cargos comissionados. Concordados ou temporários, os servidores públicos do Paraná não podem ficar reféns de um governo e deputados que depois de conseguir se eleger prometendo respeitar o povo, tentam se fechar em salas para votar e legislar em causa própria. Diariamente, honramos o serviço público com honestidade e respeito. Nunca precisamos entrar de camburão em um prédio público e jamais nos comportamos como parasitas ou vermes do dinheiro público.
E, por fim, é preciso deixar claro que “baderneiro” pode ser quem se apropria do dinheiro público, aumenta o próprio salário e ousa mandar a conta para os trabalhadores pagar. Nenhum direito a menos. A luta vai continuar. E deve se fortalecer, pois nenhum governo pode se dar ao direito de ‘roubar’ direitos dos trabalhadores para resolver problemas de má gestão.
Comando de Greve Docente UEPG, 13 de fevereiro de 2015