O Governo do Paraná precisa trabalhar e parar de usar informação de propaganda para desqualificar as Universidades Estaduais. Os professores, servidores e estudantes do sistema estadual de ensino superior exigem respeito e não aceitam a divulgação de inverdades sem direito de contestar. Esta foi a posição dos professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na assembleia do Sindicato dos Docentes (SINDUEPG/ANDES), que aprovou a continuidade de greve docente em todas Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES), realizada na tarde da quarta-feira, 24 de julho.
Em nota oficial, veiculada em 23/07/2019, através da assessoria (divulgada como ‘Agência Estadual’), o Governo do Paraná mencionou números sobre os salários dos servidores das universidades sem nenhuma informação concreta, apenas com generalidade e acusação sem base técnica. Na nota de propaganda, a assessoria do governo Ratinho (PSD) afirma que, do investimento em folha de pagamento no primeiro semestre de 2019, as “instituições gastaram R$ 20 milhões do dinheiro público para pagar horas extras sem qualquer anuência do comitê que é responsável pela gestão dos recursos humanos do Poder Executivo”, afirma.
A reitoria da UEPG foi uma das que contestou a matéria (UEPG Notícias | UEPG é responsável na gestão de pessoal), garantindo que a administração “é responsável de pessoal”. A matéria oficial afirma que “os recursos destinados ao pagamento dessas horas extras foram pagos especialmente a servidores que recebem salários superiores a R$ 40 mil”.
Os 7,7 mil docentes que atuam nas sete universidades estaduais possuem plano de carreira, que é assegurado por concurso público e não existe salário de R$ 40 mil pelas atuais políticas de pessoal nas universidades. “É inadmissível que o governo use a estrutura da ‘Agência Estadual de Notícias’ para divulgar inverdades sobre a situação salarial das universidades”, afirma o presidente do SINDUEPG, Marcelo Ubiali Ferracioli. “Se o Governo constatar irregularidade, que assuma e tome as providências”, completa.
Inclusive, a greve dos professores nas sete universidades públicas do Paraná (UEL, UEM, UEPG, Unicentro, Unioeste, UENP e Unespar) cobra reposição salarial da inflação (17,04%), acumulada desde 2016, que o ex-chefe do atual governador descumpriu a legislação vigente. “Se o Governo quer mesmo fazer uma gestão com transparência deve começar trabalhando com dados e indicadores reais e não agir como se estivesse em uma campanha para destruir o patrimônio público que as Universidades representam ao Estado”, diz Carina Alves da Silva Darcoleto, vice-presidenta do SINDUEPG/ANDES.
Uma pesquisa da professora de Economia (UEPG) Augusta Pelinski Raiher revela que cada um real (R$ 1,00) investido na Universidade Pública assegura um retorno de quatro reais (R$ 4,00), principalmente nas comunidades e regiões do entorno das instituições. O estudo está disponível na internet e em livro. “A equipe do atual Governo precisa conhecer as Universidades e não desqualificar os profissionais e servidores que se dedicam diuturnamente na defesa e fortalecimento do ensino público no Paraná”, explica Ferracioli.
Confira, aqui, matéria oficial do governo sobre salário nas universidades.
Governo pede explicações de universidades sobre excesso de gasto com pessoal