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Frente de Movimentos Sociais de PG denuncia morte de trabalhadores rurais no Paraná

08/04/2016 às 12:04

"Morre-se todo dia, neste País. De morte, vítima da falta de investimento público em saúde, transporte coletivo e saneamento básico. De tédio, quando a mídia da direita tenta impor vontades privadas. De tortura, quando a polícia age como se estivesse em regime ditatorial. E, também, pelo silêncio dos 'bons', quando nada se diz, se ouve ou provoca reação diante da morte de trabalhadores, que apenas lutam pelo direito à terra, à vida e à dignidade humana" (Manifesto da Dignidade, 2016)

 

 

Enquanto a mídia comercial do País foca lentes e manchetes na ameaça de um golpe (eleitoral e jurídico) em Brasília, em que os maiores beneficiários sequer pensam em justiça social, e posam como supostas "fontes noticiosas", o interior do Paraná é, novamente, palco de trágicas "execuções" de trabalhadores rurais sem terra. Situações semelhantes foram registradas na Era Lerner (PFL, PSDB, DEM), há cerca de duas décadas.

Às três da tarde da 5ª-feira, (7/04), "uma emboscada contra o acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná, deixou, pelo menos, dois mortos e cerca de 20 feridos", conforme informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo nota do MST, seguranças e jagunços da madeireira Araupel participaram da ação, junto com a Polícia Militar. “Em torno de 15 pessoas desceram para fazer vistoria numa área ocupada e havia pessoas do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais] e da Polícia Militar. Não sabemos de fato quantas pessoas estão mortas e quantas estão baleadas porque a polícia agora não nos deixa chegar perto”, relata um dirigente do MST na região, que não se identifica por condições de sobrevivência.

O acampamento, localizado em uma área pertencente à empresa Araupel, está organizado com 2,5 mil famílias e cerca de sete mil pessoas. No local, os trabalhadores sofrem com freqüentes ameaças por parte de seguranças e pistoleiros da empresa. Preocupa que tais "ameaças têm a conivência do governo PR e da Secretária de Segurança Pública do Estado", explica nota do MST.

Tais acontecimentos, de acordo com análise do jornal Brasil de Fato, "reflete parte do clima de tensão que nasce na luta pelo acesso à terra e contra a grilagem na região". O conflito - diz o jornal - "tem relação com o surgimento de dois acampamentos do MST na região centro-sul do Paraná, construídos nas áreas em que funcionam as atividades da empresa Araupel, exportadora de pinus e eucalipto".

A nota do Movimento dos Sem Terra explica que o conflito da reforma agrária na região. De acordo com o texto, "o primeiro acampamento, Herdeiros da Terra, está localizado no município de Rio Bonito do Iguaçu. A ocupação aconteceu em 1º de maio de 2014 e hoje abriga mais de mil famílias. Ali, elas possuem aproximadamente 1,5 mil hectares para a produção de alimentos". O segundo acampamento na mesma região (nomeado Dom Tomás Balduíno), da ocupação de junho de 2014, possui 1500 famílias e situa-se em Quedas do Iguaçu. "Ao contrário da outra ocupação, esta possui 12 alqueires de área aberta, sendo apenas 9 - cerca de 30 hectares - utilizados para o plantio", explica a nota publicada no site do MST.

No Governo Richa (PSDB), a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) se limitou em afirmar que "os policiais foram alvos de emboscada, mas confirmam a informação de que dois agricultores sem-terra foram mortos e seis ficaram feridos". Difícil é explicar como a polícia alega emboscada, se quem morre são os próprios trabalhadores.

Para os dirigentes das entidades e movimentos sociais que assinam está nota, é preciso que os setores institucionais competentes (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/INCRA, Ministério do Desenvolvimento Agrário/MDA, Ministério Público Federal, Governo do Estado, Assembléia Legislativa PR, Ministério Público Estadual, Polícia Civil) e sociedade civil (entidades sociais, comunitárias, populares, religiosos e sindicais) se manifestem contra todo e qualquer desrespeito e agressão a trabalhadores que lutam melhores condições de vida e trabalho.

Mais do que expressar a dor, revolta e cobrar providências, é preciso que todo/as defensores da dignidade, da vida e dos movimentos sociais venham ao público unir forças, antes que o desrespeito, as agressões e as execuções autoritárias se tornem habituais em um País que enfrentou duas recentes décadas (entre 1964 e 85) de autoritarismo, oficializado pelas forças econômicas com aval político e repressivo. Silenciar, diante de tais injustiças, é aceitar os ataques aos movimentos sociais e aos trabalhadores, que defendem a vida e o direito ao trabalho.

 

Saiba mais...

http://www.mst.org.br/2016/04/07/sem-terra-sao-assassinados-no-parana.html

 

Assinam este manifesto: 

Frente dos Movimentos Sociais de PG

Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL)

Instituto URBI

SINDUEPG/ANDES-SN

Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) PG

Pastoral do Trabalho de Ponta Grossa

 

Campos Gerais do Paraná, 8 de abril de 2016.