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MANIFESTO DE APOIO À AUTONOMIA CIENTÍFICA E PEDAGÓGICA

02/07/2015 às 01:12

Nós, professores universitários da UEPG, reunidos em assembleia geral em 25/06/201, com a presença de 151 docentes, aprovamos por unanimidade a elaboração deste manifesto.

Perplexos, acompanhamos a movimentação de grupos religiosos na câmara municipal de Ponta Grossa pela retirada de termos como “gênero”, “diversidade”, “sexualidade” do Plano Municipal de Educação. Tal movimentação, sustentada pelo profundo desconhecimento do significado de conceitos que orientaram pesquisas nas ciências médicas, biológicas, humanas e sociais nos últimos 20 anos, resultou em prejuízo da possibilidade de melhoria da educação no município, criando uma escola capaz de acolher e se harmonizar com as diferenças humanas.

Os avanços do campo científico, que deveriam sustentar também as diretrizes educacionais de nosso município, foram distorcidos pelo desconhecimento que levou alguns líderes religiosos a manipular o medo de uma parcela da população construindo uma verdadeira teoria conspiratória. Isto mobilizou a população “em defesa da família” como se ela estivesse colocada em perigo pela introdução de princípios de igualdade de direitos humanos.

Nesse sentido, conclamamos as lideranças religiosas a um diálogo mais próximo entre os avanços da ciência e as profissões de fé, a fim de evitar a propagação de um fundamentalismo desconectado dos avanços no conhecimento da sociedade. Este diálogo é inclusive recomendado pelo Papa Francisco na sua última encíclica LAUDATE SI:

Se tivermos presente a complexidade da crise ecológica e suas múltiplas causas, deveremos reconhecer que as soluções não podem vir de uma única maneira de interpretar e transformar a realidade. É necessário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte e à poesia, à vida interior e à espiritualidade. Se quisermos, de verdade, construir uma ecologia que nos permite reparar tudo o que temos destruído, então nenhum ramos das ciências e nenhuma forma de sabedoria pode ser transcurada, nem sequer a sabedoria religiosa com sua linguagem própria. Além disso, a Igreja Católica está aberta ao diálogo com o pensamento filosófico, o que lhe permite produzir várias sínteses entre fé e razão. No que diz respeito às questões sociais pode-se constatar isso mesmo no desenvolvimento da doutrina social da Igreja, chamada a enriquecer-se cada vez mais a partir de novos desafios.

Pensamos então, conforme recomendado por uma das lideranças mais carismáticas de nosso tempo, que as interpretações religiosas sobre a sociedade devem dialogar com os avanços científicos produzidos na academia para superar radicalismos e a propagação de preconceitos, a fim de construir uma sociedade humana e fraterna.

Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG

Ponta Grossa, 25 de junho de 2015